sexta-feira, 1 de agosto de 2014
A complicada arte de ver - Rubem Alves
"(...) Ver é muito complicado. Isso é estranho porque os olhos, de todos os órgãos dos sentidos, são os de mais fácil compreensão científica. A sua física é idêntica à física óptica de uma máquina fotográfica: o objeto do lado de fora aparece refletido do lado de dentro. Mas, existe algo na visão que não pertence à física.
William Blake sabia disso e afirmou: "A árvore que o sábio vê não é a mesma árvore que o tolo vê". Sei disso por experiência própria. Quando vejo os ipês floridos, sinto-me como Moisés diante da sarça ardente: ali está uma epifania do sagrado. Mas, uma mulher que vivia perto da minha casa decretou a morte de um ipê que florescia à frente de sua casa porque ele sujava o chão, dava muito trabalho para a sua vassoura. Seus olhos não viam a beleza. Só viam o lixo.
Adélia Prado disse: "Deus de vez em quando me tira a poesia. Olho para uma pedra e vejo uma pedra". Drummond viu uma pedra e não viu uma pedra. A pedra que ele viu virou poema.
Há muitas pessoas de visão perfeita que nada vêem. "Não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. Não basta abrir a janela para ver os campos e os rios", escreveu Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa. O ato de ver não é coisa natural. Precisa ser aprendido.
Nietzsche sabia disso e afirmou que a primeira tarefa da educação é ensinar a ver. O zen-budismo concorda, e toda a sua espiritualidade é uma busca da experiência chamada "satori", a abertura do "terceiro olho". Não sei se Cummings se inspirava no zen-budismo, mas o fato é que escreveu: "Agora os ouvidos dos meus ouvidos acordaram e agora os olhos dos meus olhos se abriram (...)".
Para ver o restante do texto, click AQUI.
Rubem Alves acertou o alvo ao escrever esse texto.
Muitas pessoas apesar de ter uma visão perfeita, não enxergam um palmo diante do nariz.
Ou pior, vivem acreditando que a grama do vizinho é mais verde...
Ao invés de reconhecer sua responsabilidade sobre os problemas, preferem sempre colocar a culpa nos outros, no destino, no azar, ...
Olhar o cisco no olho do outro é extremamente fácil e simples. Difícil é enxergar nossas fraquezas, defeitos e limitações da nossa própria compreensão e visão.
O mundo não é perfeito e nem todos os dias são de sol, entretanto nem por isso é necessário apenas ver o lado ruim das situações.
Saber (ou aprender) a ver sobre outras perspectivas, abrir os olhos e a mente, é uma prática necessária para aqueles que desejam o bem-estar psíquico.
E VOCÊ, o que tem visto em seu caminho???
Se tiver curiosidade, tem outro texto do Rubem Alves, super interessante, que eu publiquei em 08 de julho de 2013, cujo título é O tempo e as jabuticabas.
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14 comentários:
Sou suspeita para falar sobre o mestre Rubem, pois pra mim, ele sempre dizia o que era preciso e belo a saber.A magia do olhar completo é arte e pode ser desenvolvida por todos.Eu repetia incansavelmente para meu alunos que a cada dia temos de acordar e mirar o mundo com olhos de quem vê, ou seja, aqueles olhos que alcançam mais longe e profundamente do que apenas o visto.
Beleza de passagem revigorante esta que vc aqui nos presenteia, Sil.
Um luminoso dia e igual final de semana.
Bjkas,
Calu
oi Sil
Temos que aprender a enxergar a beleza das pequenas coisas. Quem na vida fica esperando só pelas grandes coisas, se frustra.
bjokas=)
Oi Sil,
Mesmo que vejamos uma avalanche de situações complexas, não
devemos deixar de enxergar coisas boas.
Nem todos os dias são de sol, mas podemos tirar proveito independente das circunstâncias...
Maravilhoso o texto de Rubem Alves!
Bjs :)
Oi Sil,
Estou voltando de férias e vim conferir as novidades…
Que belo post, adoro Rubem Alves, e fiquei muito triste com sua passagem, espero que tenha sido serena e que ele agora esteja cercado de muita luz.
Este texto que escolheu é precioso, precisamos educar o olhar para que possamos ver alegria na vida.
Bjs querida e ótimo final de semana
Sensacional tua blogada, Sil. Eu não conhecia o texto e seus detalhes, vindos da mente brilhante de Rubem Alves.
É um ensaio sobre a visão, que muitos podem chamar sobre a cegueira, porque olhar e não conseguir ver além do olhar , é tarefa árdua. Para olhos que sabem ver, é só olhar pro céu em uma tarde com por de sol... você vê muita coisa.
Amei, parabéns Sil, vc fechou a semana com louvor!
bacios cara mia
Lu C.
Calu:
Também seu admiradora dos textos do Rubem Alves.
Precisamos aprimorar nossa visão de mundo constantemente....
Bjs.:
Sil
Concordo com você, Bell.
Bom fim-de-semana.
Bjs.:
Sil
Clau:
Também penso igual á você.
Dias nublados, não podem atrapalhar a nossa alegria de viver.
Bjs.:
Sil
Cris:
Perfeito seu comentário.
Precisamos de olhos atentos, pra não perder as belezas que a vida nos oferece diariamente.
Bjs.:
Sil
Oi Lu:
Nem sempre vemos coisas agradáveis, mas quando aprendemos a nos deter o que realmente interessa, aí estamos preparados para compreender as dificuldades e enfrentá-las.
Bjs.:
Sil
Silvana,
Eu também sou uma das fãs ardorosas do mestre que se foi, mas deixou como legado belíssimos textos para reflexão, como este aqui agora.
Este terceiro olho que o budismo ensina, eu li sobre ele quando era jovem, um mestre chamado Lobsanga Rampa que li e me despertou o olhar por este terceiro olho, por isso nada da beleza do mundo me passa despercebido, estou sempre ligada com a natureza à minha volta e acho que isso é que me faz feliz, mesmo morando num país que dão pouco valor a estas coisas.
Adorei reler por aqui este texto e os comentários!
Bom final de semana e beijos cariocas.
Olá, querida Sil
Vejo mar, coqueiros, corujas, garças, pescadores, barquinhos aportados... peixes sendo vendidos e fresquinhos... natureza verdejante, gente simples... vejo o meu eu e me sinto agradecida ao Criador por ter me dado tanta beleza para desfrutar em vida...
Gostei muito pois sempre diferenciei ver e enxergar... é muito distinto!!!
Bjm fraterno de paz e bem
Beth:
Não conheço o autor que você mencionou.
Mas, despertou e aguçou minha curiosidade.
Vou pesquisar sobre ele e seus ensinamentos.
Bjs.:
Sil
Rosélia:
Sinta-se privilegiada por compreender a diferença entre ver e enxergar as belezas da vida.
Bjs.:
Sil
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